Nos meus tempos de vida de cão fino passei férias nesta casa da floresta. As estadias não eram muito apreciadas porque o local era habitado pelo latagão do TEDDY, que abusava da sua superioridade física face a um Cocker castanho civilizado e saudoso do dono. Que alguns depreciadores da minha sensibilidade canina exacerbada apelidavam de mariquinhas.


Agora que sou um cão defuntado e enterrado (lá perto, que depois da injecção misericordiosa - estava muito doente e já não conseguia comer - sepultaram-me num vale) e muito dado a lucubrações várias, volto de quando em vez à casa.
Esta semana passei por lá. Não havia rasto do TEDDY nem das suas duas amiguinhas. O GASPAR contou que os canídios sortudos estavam a banhos na capital. A casa agora era residência exclusiva dos gatos. Os três gatos. Conhecidos como os três "Gs"...

Voltei lá. Além dos gatos gostei de rever os ursos nas suas contemplações imóveis de peluches de colecção. Colecção de ilusões felizes, repositório de sonhos humanos...
Gostei de voltar à casa, e o mais engraçado foi o GASPAR reconhecer que eu agora sou um fantasminha bem parecido. Perito em lucubrações viageiras...
Não é fácil esta vida de cão paradisíaca...
Testemunho do Charlie com imagens do ET - 29 Janeiro 2007








